Síndrome do jaleco branco: o que é e como ajudar seus pacientes

Ansiedade antes de uma consulta pode ser sintoma de algo mais delicado.

É muito comum encontrar pacientes que se sentem ansiosos quando precisam se consultar com um médico, ainda mais quando isso vai levar a tomar alguma medicação, a fazer exames ou realizar tratamentos específicos.

Porém, algumas pessoas apresentam sintomas mais intensos quando precisam lidar com qualquer tipo de situação que envolva hospitais, clínicas e consultórios.

Essa condição tem nome e passa longe de ser um simples nervosismo, ela é a iatrofobia, mais conhecida por síndrome do jaleco branco.

O que é a síndrome do jaleco branco?

A síndrome do jaleco branco é caracterizada por um medo irracional de médicos e tudo que se relaciona com a área da saúde. Até mesmo de objetos utilizados pelos profissionais são gatilhos para as pessoas que apresentam esta síndrome.

Ela foi identificada pela primeira vez em 1980 na Universidade da Califórnia. Seu principal sintoma é a hipertensão, que só acontece dentro de ambientes específicos, mas normaliza fora deles.

É difícil estimar o número exato de pessoas ao redor do mundo sofrem com a síndrome, mas um estudo realizado em 2019 pela Universidade da Pensilvânia mostra que uma em cada cinco pessoas sofre com os sintomas.

Qual a causa desta síndrome?

Como a maioria das síndromes, ela está ligada geralmente a acontecimentos do passado do paciente em questão, muitas vezes vindos de traumas na infância.

De maneira inconsciente, a pessoa acaba relacionando o médico e o ato de se consultar a algum evento traumático. Isso vem de conceitos aprendidos ainda criança como a dor da injeção ou o gosto ruim do remédio.

O meio cultural em que o paciente está inserido também possui uma enorme influência, como quando ele testemunha uma perda na família em ambiente hospitalar, passa por tratamentos intensos e/ou dolorosos e até mesmo é vítima de algum erro médico.

Estes fatores acabam desencadeando a associação negativa com tudo o que tem relação com a área da saúde.

Pessoas que possuem vício em álcool ou outras drogas também são mais propensas a desenvolver a síndrome do jaleco branco, ainda mais quando ela se encontra em tratamento contra a dependência dessas substâncias.

Quais os sintomas mais comuns?

O sintoma físico mais comum da síndrome do jaleco branco é a elevação da pressão arterial.

Muitas vezes a pressão não sobe imediatamente, apenas quando o médico vai fazer a aferição e isso pode interferir no diagnóstico correto da doença. Por isso, o profissional precisa ficar atento a todos os sintomas para não compremeter a saúde do paciente. A monitorização ambulatorial de 24 horas, conhecida como MAPA, e a monitorização residencial da pressão arterial, ou MRPA, podem ser uma boa ferramenta para que o médico confirmar se a pressão está normal em ambientes diferentes do hospitalar.

Outros sintomas que os pacientes podem apresentar são: ansiedade, tontura, tremedeira, taquicardia, tensão muscular, náuseas, agitação e até mesmo o descontrole físico e mental.

Estas manifestações podem ocorrer antes da consulta ou durante, normalizando após a pessoa deixar o ambiente médico.

Tratamentos e riscos para a saúde

  • Quais os tratamentos para a síndrome do jaleco branco?

Existem várias possibilidades para o tratamento da síndrome, isso pode variar de acordo com a intensidade e frequência do problema.

É fundamental que o médico saiba como identificar a doença e encontrar a melhor forma junto ao paciente de tratá-lo sem gerar mais estresse ou desconforto.

Técnicas de relaxamento, terapia em grupo, hipnose e terapia cognitivo-comportamental também podem ser grandes auxiliares durante este processo.

  • Quais os problemas que a falta de tratamento pode gerar?

A síndrome quando não tratada apropriadamente pode oferecer um risco real ao paciente que sofre com a condição.

Uma das consequências é o fato de que a pessoa sempre irá adiar seus compromissos médicos, se recusando a se consultar, realizar exames e tomar a medicação corretamente, diminuindo a adesão ao tratamento proposto. Isso pode ter um impacto enorme na saúde.

Além disso, os sintomas que estão ligados à doença podem avançar para um quadro clínico mais complexo, como crises de pânico frequentes, hipertensão e até depressão.

As fobias também podem se agravar neste caso, o paciente corre o risco de desenvolver medos irracionais a outros assuntos ligados à área da saúde, como a hipocondria, por exemplo.

O que você pode fazer na sua clínica?

O seu papel como médico é ajudar o paciente da melhor maneira possível, você deve sempre levar esse problema em consideração e procurar as melhores maneiras de amenizar os efeitos da síndrome dentro da sua clínica ou consultório.

Uma solução bem simples, mas que pode ser muito eficiente é a comunicação a distância, dessa forma a pessoa não precisará ir com tanta frequência ao consultório, diminuindo o nervosismo e aumentando a confiança no seu trabalho.

Ajude o seu paciente ensinando técnicas de relaxamento e dando dicas que podem fazer uma diferença real quando ele estiver se sentindo mal.

A respiração é um ponto muito importante e pode ajudar a aliviar a tensão antes e durante a consulta.

Você também pode mexer na ambientação da clínica, promovendo um lugar mais aconchegante. A decoração e cores escolhidas podem ser mais amigáveis e menos sérias, isso pode ajudar o paciente a se sentir mais confortável.

Tudo isso faz parte de um atendimento mais humanizado, pensado para atender a necessidade específica de cada paciente e com certeza fará total diferença no relacionamento com o profissional.

Concluindo

A síndrome do jaleco branco é um problema que deve ser ponderado no momento de pensar na gestão de uma clínica.

Ela afeta inúmeras pessoas e pode ser um fator que irá desencadear a falta de pacientes se você não levá-la em consideração na hora de construir a sua relação com os pacientes.

Lembre-se sempre de que a confiança é um fator indispensável, as pessoas conseguem perceber se existe a preocupação e cuidado por parte do médico, se ele realmente está ouvindo e buscando a melhor maneira de ajudá-las.

Se as percepções sobre o seu trabalho são positivas, isso fará com que novos pacientes queiram se consultar com você.

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